domingo, 23 de dezembro de 2007

Terra Celta-asnelas







A lenda dos Cavalos Selvagens - Terra Ceta










Contam as gentes sábias e anciãs, que naquele tempo longínquo, os bosques húmidos e verdejantes escondiam no seu âmago cavalos belos e fortes.
Manadas lideradas pelo orvalho da manhã que rinchavam ao sopro do vento, corriam montes e vales em plena liberdade.
Estas serras, bosques e prados a eles pertenciam, e é assim desde que esta terra existe.
O cavalo fazia parte desta terra e ela sem o cavalo não era a mesma.
O corço, o veado, a cabra, o javali, a raposa, o bisonte, o urso curvavam-se diante da beleza e o porte do cavalo.
Só o lobo amedrontava o pequeno garrano que fugia, subindo a serra para se esconder. Mesmo assim, nas vertente da serra e tapado pela folhagem das árvores contemplava a imensidão verde daquele lugar.




















Com a chegada do homem a estas paragens, os cavalos foram caçados para servirem de alimento e mais tarde domesticados.
Porém, no meio da floresta os animais permaneciam protegidos do novo inquilino.
A esta terra o homem Celta chamou “terra dos cavalos”- Garrano, o cavalo da Callaecia. A palavra garrano deriva da raiz indo-europeia "gher", que significa "baixo, pequeno" e que originou a palavra "guerran", a palavra Galesa que significa cavalo. Na Inglaterra usa-se a palavra pónei; na Irlanda "gearron"; na Escócia "garron" e em Portugal ‘garrano’. Os lusitanos de origem celta, utilizaram este cavalo no transporte e nas actividades agrícolas. Todavia, o cavalo selvagem continua a povoar a serrania. Só com a chegada dos romanos a que o cavalo selvagem passa a escassear devido à perseguição que irá sofrer.











Porém, nesta paragem cresce um pequeno núcleo habitacional com origens castrejas, mas com especificidades da arquitectura romana. A língua de conversação instituída passa a ser o latim e a os dialectos autóctones extinguem-se. O núcleo e lugar passa a chamar-se Asni, isto é, terra onde existem asnos ou terra onde existem garranos. Lembramos que os cavalos pequenos tipo garranos (póneis) são chamados pelos romanos de asni. Este cavalo pequeno e robusto adaptado à montanha é domesticado para as necessidades de carga, agricultura e carne. O cavalo que era utilizado pelos lusitanos para os transportar começa a ter um papel bastante importante na sociedade romana.
Na Idade Media com o nascimento da nacionalidade Portuguesa a pequena povoação irá ter o topónimo de Asnelas - Terra Dos garranos (asnos ou póneis) e ira chamar-se nos documentos da época Lugar de Asnelas.
Esta denominação permanece até ao século passado, todavia e com o tempo, a aldeia , antiga povoação/ lugar ficará com o nome de Nelas – Cepões, Viseu.






A Aldeia










A aldeia caracteriza-se de construção tipo “castreja” onde a pedra de xisto local é mais utilizada. As paredes eram construídas em xisto e com algum granito (sendo a primeiras, as rochas mais abundantes na zona, por isso as mais utilizadas, sustentadas com uma argamassa barrenta e argilosa, actualmente substituída por cimento, o que fazia com que as casas fossem quentes, apesar de não serem rebocadas, de forma a se resistir ao duro Inverno que se fazia sentir.
Para combater o mesmo “mal”, as paredes internas construídas da seguinte forma: nas taipas (ripas de madeira) que erguiam na vertical era introduzida uma mistura de palha miúda com barro e água (argamassa consistente), no fim de secas eram caiadas.É relevante referir ainda que este edifício de forma circular, possui apenas rés-do-chão e primeiro andar, sendo característico, dos quais sobressaem as varandas corridas em madeira no interior do pátio, e em alguns casos, parte das paredes do primeiro andar eram em madeira á vista com embutidos esculpidos na madeira.
A casa tinha acesso externo ao primeiro andar com escadas de pedra com varões de madeira esculpidos.
Terra CeltaSão edifícios de forma circular ou rectangular com pátio interior fechado.
Este núcleo de casas antigas é construído em forma de muralha, dando os portões de cada casa para uma rua calcetada com calçada portuguesa de seixos e com orientação este-oeste.

Na Idade Media, século XII, a aldeia é tomada aos infiéis pelos cruzados cristão. O lugar de Asnelas é oferecido a um Cavaleiro de apelido Santos pelo rei de Portugal. O Cavaleiro gere os terrenos agrícolas e paga um foro todos os anos ao monarca. A maior parte dos habitantes desta terra são descendentes do “Cavaleiro de Cristo”, possuindo muitos deles o apelido de Santos e a alcunha de Santeiros.